segunda-feira, 19 de maio de 2008

A última visita foi a de Tanatos

Sou-vos sincera, benquistos visitantes: eu temia que o dia chegasse e o funesto acontecimento se desse. Já por aqui vos tinha dito que andavam de olho em mim e nas bem-intencionadas linhas que por aqui deixo. Que, inclusivamente, receava que os Deuses do Olimpo, que sabem mais do que parece, perdessem a tolerância. Pronto, aconteceu.

Bem caladinha tenho andado, como sabem, para ver se passo despercebida. Mas Tanato, essa figura com que ninguém gosta de partilhar a mesa do pequeno-almoço, apareceu-me ontem em casa depois do jantar. Como sei que raras vezes sai lá do Tártaro, não pude deixar de ficar estarrecida com a visita do Deus da Morte. Ele, ao pé de Hades, não tem grande importância, mas sempre é o Deus da Morte.

Mandaram-no, imaginem, dizer-me que estava, a partir daquele momento, despedida do cargo de Mulher-a-Dias oficial do Olimpo e de toda a mitologia grega. Que era intolerável espalhar, para quem quisesse ler, os segredos mais diversos sobre a intimidade das divindades. É isso, meus tesouros: fui posta a mexer, corrida para o olho da rua, atirada para os ímpios caminhos da vida. Não tenho muito mais a dizer-vos, a não ser que estou arreliadíssima.

Dito isto, peço-vos: a ser verdadeiro todo o apreço e todo o carinho que me ofereceram desde o primeiro dia, manifestai-vos aqui, nos comentários. Dizei tudo o que deambula pela vossa alma no momento da minha partida.

Desejo-vos, adorados leitores, santas vidas a todos.

A vossa
Iris.